LIPE FORBES DESMISTIFICA MITOS E LENDAS URBANAS QUE CERCAM O UNIVERSO DO VINIL

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LIPE FORBES DESMISTIFICA MITOS E LENDAS URBANAS QUE CERCAM O UNIVERSO DO VINIL


Senta que lá história!

Há muitos anos escuto o discurso de que o som do vinil é mais gordo, mais grave, mais quente, mais qualquer coisa de melhor do que as mídias digitais.

Eu particularmente, adoro o som do vinil, sou colecionador e possuo por volta de 8 mil discos.
Todavia, resolvi escrever essa matéria para desmistificar alguns mitos e lendas urbanas que cercam o universo dessa mídia pioneira e com tanta história.

Vamos direto ao ponto, o som do vinil NÃO é mais grave ou mais agudo do que mídias digitais e vou explicar o porquê.

Quando um vinil é “cortado”, nome dado a gravação no acetato, frequências graves e agudas são subtraídas pois em seus extremos podem até danificar a cabeça do diamante que imprime o vinil, causando prejuízo para o fabricante.

As mídias digitais não tem limitação alguma e podem cobrir todo o espectro de frequências indo de 20 Hz até os 20.000 Hz., ou seja, o “range” ou alcance de frequências na mídia digital é superior ao do vinil.

Mas por que sentimos uma diferença notável na sonoridade entre tais mídias?
A resposta é: Por conta do “toca-discos”.

Sim, diferente das mídias digitais onde a leitura é feita por código binário e não importa o tipo de leitor, seja ele um CDJ profissional ou um Cd player caseiro, a mídia será lida sempre da mesma forma, já o toca discos lê a mídia de maneira ortofônica.

Pense no toca discos como um instrumento musical, se você colocar um toca-discos próximo a uma caixa de som, ele vai gerar “microfonia” assim como uma guitarra ou microfone, ou seja, o toca-discos tem um papel fundamental na reprodução do vinil.

Assim como qualquer instrumento musical tem suas particularidades, o toca-discos e suas diversas configurações atuam diretamente no som reproduzido, o tipo ou marca de toca disco, o tipo da
agulha, a altura do braço e suas diferentes regulagens.

Tudo o que envolve o sistema ortofônico vai alterar a maneira em que se ouve um disco de vinil, e é todo sistema “Agulha+Toca-Discos” que vai fazer com que o som do vinil tenha um som particular.

Mas, por que mesmo assim temos a impressão de ouvir frequências mais graves ou agudas no vinil?
Como exemplificado acima, se pensarmos no toca-discos como um instrumento, a reprodução ortofônica em si gera certas frequências por si só, basta soltar uma agulha sobre o disco parado que você vai ouvir um “Tum” grave, por exemplo.

Com isso, podemos compreender que o som da mídia vinil não possui frequências mais graves ou agudas, porém quando combinado ao toca discos obtemos frequências fantasmas geradas pelo próprio sistema ortofônico de leitura e reprodução, que se somam a mídia do vinil criando uma sonoridade singular.

Ou seja, ao invés de dizer que o som do vinil é mais gordo, pois ele em sí não é, eu prefiro chamar isso de “sabor”, assim como cada instrumento musical tem o seu, seja ele um violão, guitarra ou um baixo.

Sendo assim, é possível afirmar que o som do vinil reproduzido em um toca-discos possui um “sabor” distinto ao digital, pois seu som será sempre influenciado pelo seu dispositivo reprodutor e até mesmo o local onde esteja instalado, um quarto pequeno ou um campo aberto.

Por fim, se passarmos uma mídia digital ou um vinil lido a laser por um analizador de frequências, veremos que sem a influência do sistema ortofônico, a mídia digital reproduz mais frequências do que a gravada no vinil em si.


 

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